quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Saúde Materna



Saúde Materna é uma das grandes preocupações das autoridades de saúde e também da equipa do projecto.
De entre os principais constrangimentos deste programa salientam-se:
· Pobreza extrema de um número significativo mulheres grávidas;
· Deficientes condições de biossegurança para os cuidados no parto e ao recém-nascido (RN) (falta de água, energia, equipamentos para esterilização de materiais, materiais básicos de consumo corrente);
· Custos de todos os cuidados, materiais e medicamentos, suportados pelas famílias;
· Falta de materiais básicos (kits individuais de parto), para a realização do parto;
· Dificuldades extremas para efectuar evacuações/urgências obstétricas (falta de comunicações e transporte);
· Falta de pessoal técnico (um número significativo de CS tem Parteira);
· Matronas das USB muito idosas, com dificuldades de aprendizagem / mudança;
· USB sem condições mínimas, para prestar qualquer tipo de cuidado, incluindo o parto higiénico.

Para melhorar os indicadores relativos à saúde materna, mortalidade materna, taxa de cobertura de vigilância na gravidez, gravidez na adolescência e parto hospitalar, a equipa planeou e pôs em prática algumas estratégias:
· Reorganização das salas de partos de todos os CS que a equipa apoia de uma forma mais regular;
· Reintrodução de medidas de biossegurança; (limpeza, higiene, descontaminação e desinfecção de materiais)
· Reintroduzida a educação para a saúde como forma de sensibilização e promoção do parto hospitalar;
· Acompanhamento da consulta de vigilância materna e trabalho de parto, pela Enf.ª especialista do projecto, com dupla função: apoio técnico e formação em serviço;
· Identificação e acompanhamento regular das grávidas com Alto Risco Obstétrico (ARO), motivando e sensibilizando para a necessidade do parto hospitalar em unidades de saúde de referência (HRSB);
· Revisão dos principais protocolos terapêuticos e de actuação; identificação das situações ARO; urgências obstétricas; evacuações, cuidados durante e depois do parto; cuidados ao RN, etc.
· Realização de reuniões para formação em serviço com os responsáveis e parteiras dos CS para revisão de casos especiais e revisão dos protocolos específicos;
· Reciclagem para Matronas;
· Apoio às USB nas deslocações em estratégia avançada.

"Estratégia avançada" - proximidade e envolvimento




Grande parte das actividades do principal programa de saúde – Saúde da Família - são realizadas em “estratégia avançada”, que não é mais que uma metodologia de trabalho integrado que pretende facilitar o acesso a cuidados de saúde às populações mais carenciadas e isoladas: mais próximos e integrados, permitindo aos técnicos de saúde intervir a nível da saúde da comunidade.

Durante o primeiro ano do projecto foram efectuadas pela equipa do projecto, de segunda a sexta-feira, inúmeras deslocações a USB e tabancas para facilitar o acesso aos cuidados de saúde integrados: vacinação, vigilância infantil, vigilância materna e educação para a saúde.

Em todas as deslocações efectuadas às diferentes USB ou tabancas, os cuidados de saúde foram prestados em colaboração com as Matronas e Agentes de Saúde de Base, aproveitando para reforçar as suas competências nas áreas de maior dificuldade: higiene das instalações, identificação de sinais de risco e referenciação, cumprimento de protocolos terapêuticos em particular nas diarreias e paludismo, situações responsáveis por grande parte da mortalidade e morbilidade infantil.

O contacto com os Chefes de Comité de tabancas e com os Líderes Locais foi também uma das estratégias implementadas para reforçar o envolvimento da comunidade na dinamização das USB, uma das maiores dificuldades identificadas (estado de degradação avançado, fechadas, inoperacionais).

As dificuldades dos técnicos de saúde se deslocarem às USB com regularidade para apoiar e supervisar estas unidades, constituem um obstáculo ao desenvolvimento, difícil de ultrapassar sem apoio técnico e financeiro sustentável.

De referir que as USB servem de pontos estratégicos de concentração de outras tabancas que beneficiam destas unidades comunitárias.

Reforço do stock de medicamentos e materiais de consumo corrente, de acordo com o programa de medicamentos essenciais

A equipa participou na organização das farmácias dos Centros de Saúde de Bambadinca, Gamamudo, Gã-Turé, Gã- Carnes, Geba e Xitole.

Esta iniciativa consistiu nas seguintes acções:
· Limpeza e arrumação dos espaços;
· Acondicionamento de medicamentos e materiais de acordo com as regras do Programa de medicamentos essenciais;
· Revisão e actualização das fichas de stock;
· Reposição de stock de medicamentos e materiais de consumo corrente;
· Reforço das farmácias locais com materiais de higiene, desinfectantes e materiais de consumo corrente;
· Colaboração nas visitas de supervisão planificada;
· Participação em reuniões de avaliação e formação em serviço;
· Formação contínua.

Na segunda metade do ano, foram reforçados os aspectos relacionados com consolidação da aprendizagem (gestão dos stocks e organização da farmácias) sobretudo à custa da formação em serviço, rentabilizando com oportunidade as deslocações regulares aos CS para apoio ou reforço de outras actividades.

Foram ainda disponibilizados alguns medicamentos essenciais, para além do reforço às farmácias do SNS, (Cloroquina, sulfato ferroso, amoxicilina e benzoato de benzilo), e materiais de consumo médico (algodão, compressas) para apoiar as famílias mais carenciadas e entregues no decurso da consulta.

Reorganização tecnico-funcional dos Centros de Saúde e Unidades de Saúde



Para apoiar as equipas locais nos aspectos organizacionais e funcionais dos Centros de Saúde (CS) foram realizadas várias visitas aos CS. Destacam-se como principais actividades realizadas:
· Limpeza de instalações, materiais e equipamentos;
· Organização de livros de registo e dossiers;
· Reformulação de suportes de registo e recolha de indicadores;
· Actualização de stock de materiais e medicamentos;
· Reabilitação de equipamentos (balanças, marquesas, gavetas), em mau estado de funcionalidade;
· Inutilização de materiais e equipamentos obsoletos e excedentários;
· Reorganização funcional dos gabinetes de consulta e sala de partos;
· Revisão dos circuitos de lixos e resíduos hospitalares (incineração/queima/aterro).
Estas visitas foram acompanhadas por um responsável da Direcção Regional de Saúde de Bafatá que, de forma integrada, participa nas actividades e exerce (de acordo com as suas responsabilidades) as funções de supervisor e formador.

Reforço do mobiliário e dos equipamentos de apoio aos cuidados de saúde e à gestão

Foi efectuada a prospecção de mercado na Guiné-Bissau para aquisição do mobiliário e equipamento hospitalar para as Unidades de Saúde Básicas (USB). Verificada a ausência de resposta local, procedeu-se à aquisição do referido equipamento em Portugal.

Para evitar desalfandegamentos e também revitalizar e dinamizar o emprego e economia local, foi decidido mandar executar localmente algum mobiliário: mesas e cadeiras.

Foi adquirido (por compra ou doação) algum equipamento hospitalar, de escritório e material médico-cirúrgico de consumo corrente, em várias instituições portuguesas.

Reabilitação de instalações e equipamentos em mau estado de conservação





Com vista ao planeamento das diferentes actividades foram efectuadas visitas técnicas a todos os Centros de Saúde da Região – Bafatá, Bambadinca, Cambadjú, Contuboel, Cossé, Fajonquito, Gã-Carnês, Gã-Mamudo, Gã-Touré, Geba, Sare Bacar, Tendinto e Xitole, abrangendo cerca de 1.068 tabancas e 88 Unidades de Saúde de Base (USB), para uma população estimada de 202.062 pessoas (em 2008).

De entre estes, foram feitas visitas técnicas prioritárias a seis Unidades de Saúde Básicas – Caone, Contuba, Fatacon, Madina Bonco, Sado e Tchabada – o que permitiu avaliar a situação no local e discutir as necessidades de intervenção imediata.

Ficou decidido que a primeira USB a construir seria na Área Sanitária de Geba, na tabanca SADO, localidade com enormes dificuldades de acesso, situada na fronteira com a Região de Oio e a segunda, na tabanca de CAONE, Área Sanitária de Contuboel, igualmente zona interior, fronteira com a Região Administrativa de Sonaco.

Como a actual política de saúde não recomenda a construção de USB do tipo tradicional, a DRS sugeriu que avaliássemos a possibilidade de construir um menor número de USB, em benefício da qualidade da construção em alvenaria, De facto nestas visitas, a equipa constatou que, mesmo as construções recentes, em “adobe” e materiais locais (um ou dois anos), se encontravam em avançado estado de degradação, sem condições mínimas para a prestação de cuidados.
As acções de sensibilização / informação à comunidade, foram realizadas pela equipa e representantes da DRS, aproveitando as deslocações a essas tabancas.

Foram realizadas reuniões com os líderes locais da tabanca SADO, e CAONE, nas quais foram negociados e formalizados todos os aspectos relacionados com a construção e gestão da USB.

Durante a construção foram surgindo alguns problemas que fomos tentando solucionar, relacionados com a fraca adesão da comunidade, principalmente nas tarefas relacionadas com de recolha de materiais locais, sendo mesmo necessário disponibilizar recursos materiais e trabalhadores contratados para essas tarefas.

Apesar do comprometimento da comunidade na construção, apenas os ”homens grandes” da tabanca participarem com regularidade na construção, obrigando a um grande dispêndio de tempo no acompanhamento e supervisão dos trabalhos, e em recursos financeiros para incentivo e mobilização dos colaboradores.

Durante a fase de construção foram realizadas várias reuniões com a comunidade local, onde forma abordadas questões relacionadas com a água, saneamento saúde e desenvolvimento comunitário.



Instalação no terreno e organização da logística



A acção teve início no dia 22 de Fevereiro de 2008, com a deslocação e instalação no terreno da Equipa Expatriada (uma médica e duas enfermeiras, que se juntaram ao logístico, presente em Bissau desde o dia 18 desse mês), acompanhada do coordenador do projecto na Sede da Associação Saúde em Português.

Esta primeira actividade decorreu conforme previsto, tendo sido realizadas as reuniões agendadas para Bissau e Bafatá nas três primeiras semanas, a saber:
* Reunião com a Sr.ª Ministra da Saúde da Guiné-Bissau – Dr.ª Eugénia Saldanha Araújo e Director do Plano – Dr. Augusto Paulo Silva;
* Reunião com a Delegação da União Europeia na Guiné-Bissau – Dr. Arnold Jacques de Dixmude (Desenvolvimento Rural) e Dr. Romain Boitard (Programas das ONGDs);
* Reunião com o Adido para a Cooperação da Embaixada de Portugal na Guiné-Bissau;
* Reunião com a Direcção Regional de Saúde de Bafatá;
* Visitas ao Hospital Regional de Bafatá e Centro de Saúde de Geba.
Neste período fomos recebidos em audiência pelo Sr. Embaixador de Portugal na Guiné-Bissau e também pelo Sr. Embaixador da União Europeia na Guiné-Bissau.

A instalação definitiva da equipa em Bafatá sofreu um atraso de dois meses após a chegada ao terreno, devido a problemas inultrapassáveis relativos aos atrasos no desalfandegamento do contentor que transportava todo o equipamento para a residência e escritório, bem como devido ao atraso nas obras de reabilitação do edifício arrendado para a sua instalação.

Esta situação obrigou à instalação temporária da equipa no Hotel de Bafatá nos primeiros dois meses, com todas as dificuldades logísticas e de funcionamento da equipa daqui decorrentes, e também ao grave acréscimo das despesas previstas e orçamentadas para esta actividade.

A viatura adquirida para a execução das actividades no terreno apenas foi disponibilizada no mês de Abril (por constrangimentos na chegada do mesmo ao porto de Bissau e correspondente desalfandegamento), o que obrigou ao aluguer de uma viatura neste período, com o consequente aumento de despesas, também não previstas no orçamento.

Apesar destas dificuldades, a equipa iniciou os seus trabalhos, em estreita ligação com a Direcção Regional de Saúde, dando corpo às principais actividades previstas no plano de acção do Projecto “Mais saúde, melhor saúde por Bafatá”.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Actividades principais

De entre as actividades desenvolvidas no âmbito do Projecto "Mais Saúde, Melhor Saúde por Bafatá", contam-se:

* Construção e equipamento de 6 Unidades de Saúde Básicas da Região de Bafatá, e sua organização técnico-funcional;

* Reforço do stock de medicamentos e materiais de consumo corrente, de acordo com o programa de medicamentos essenciais;

* Apoio aos principais programas:
- saúde materno-infantil,
- programa alargado de vacinação,
- doenças sexualmente transmissíveis,
- malária
- tuberculose;

* Formação de matronas e agentes de saúde comunitários;

* Implementação de acções de reforço comunitário e de educação para a saúde e formação de activistas;

* Construção de latrinas melhoradas para desenvolver o saneamento do meio.

Sobre o Projecto...



O Projecto "Mais saúde, melhor saúde por Bafatá" decorre duma parceria estabelecida entre a ASP e a Direcção Regional de Bafatá (Guiné-Bissau), com financiamento da Comissão Europeia, IPAD e da própria ASP.
A área de intervenção é a região guiniense de Bafatá e tem o horizonte temporal de 2008-2011.

Os objectivos da acção são:

* Realibitar Centros de Saúde, construir e equipar 6 Unidades de Saúde de Base (USB);
* Reforçar as capacidades dos técnicos de saúde da região de Bafatá;
* Apoiar a implementação e execução dos programas de saúde com maiores dificuldades;
* Reforçar o stock de medicamentos essenciais e a gestão do programa;
* Melhorar o saneamento básico através da construção da latrinas melhoradas;
* Formar matronas e agentes de saúde comunitários (ASC);
* Apoiar a formação contínuados técnicos de saúde da região.

Como grupos-alvo citam-se: mulheres em idade fértil; crianças e jovens; matronas; ASC; técnicos de saúde.

Projecto: "Mais Saúde, Melhor Saúde por Bafatá"




Entidade responsável:
Associação "Saúde em Português" - quem somos?

Fundada em 1993, Saúde em Português é uma ideia, por que ainda existem causas que valem a pena defender: a causa da vida, e a sua qualidade, mas também a dignidade.

É uma acção em defesa da saúde, combate à doença, condição de vida, que atingiu mais de 400.000 beneficiários.

É um abraço, ajuda humanitária perante o sofrimento, apelo solidário com os povos, fraternidade em lusofonia, principalmente em Portugal e na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.

Saúde me Português são médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde, que não ignoram a essência das suas profissões, os actos técnicos para que etão preparados, os destinatários que precisam do seu empenho, os laços culturais e de amizade.

São todos aqueles que vierem por bem, voluntários, a bem fazer, a agir.

Passado, presente e futuro.

Em Português. Porque em Português nos entendemos.

Em palavras e actos.

Hêrnani Caniço (Presidente da ASP)