quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Grandes Endemias


O Teatro e a Dança - Estratégias de comunicação de grande impacto, utilizadas nas acções de Educação para a Saúde.


1. TB / LEPRA
Este é, um dos programas com grandes dificuldades em toda a gestão.
A busca activa de casos na comunidade, o controlo de conviventes, a supervisão terapêutica, o controlo laboratorial, a falta de notificação de casos, e a própria recolha de indicadores oficiais, são actividades muito deficitárias, que se reflectem nos indicadores do programa.

Dificuldades identificadas
. Condições inadequadas de internamento para doentes em fase de contágio, sobretudo no que respeita a alimentação, por falta de cozinha no Hospital Regional e financiamento para o fornecimento de alimentação;
. Deficientes condições para controlo do doente e família em regime ambulatório;
. Abandonos/interrupções do tratamento;
. Deficiente recolha de informação epidemiológica;
· Ruptura do stock de medicamentos;
· Deficiente retro-informação
Estas dificuldades mantiveram-se durante todo o ano, agravadas ainda mais com a ruptura do stock de medicamentos antibacilares a nível Nacional, que se verificou no mês de Dezembro, obrigando à interrupção temporária de alguns tratamentos em curso.

Acções realizadas:
· Participação na recolha, organização e notificação epidemiológica, através da elaboração de suportes de recolha de informação.
· Apoio logístico, transporte e reprodução de materiais de informação.
. Apoio ao responsável do programa em termos logísticos, nas deslocações aos CS, USB e comunidade para realização de actividades ligadas à gestão do programa, busca activa de casos na comunidade, controlo de tratamento, confirmação de abandonos e óbitos por tuberculose ou lepra, etc.
. Realização de reuniões com as equipas locais, onde são abordadas as questões relacionadas com este programa: confirmação do diagnóstico por exame de pesquisa de BK, notificação de novos casos, referenciação para tratamento intensivo quando necessário, início do tratamento, revisão do esquema terapêutico quer na fase intensiva quer na fase de manutenção.
· Sensibilização dos Técnicos de Saúde para a necessidade de controlo / vigilância dos contactos e apoio logístico sempre que necessário.
· Apoio na elaboração dos relatórios de avaliação do programa e do plano de acção para o ano 2009.
Foram realizadas diferentes acções de formação formal para Técnicos de Saúde, Matronas , ASB e voluntários, nas quais foram incluídas os principais problemas ligados a este programa: prevenção primária e secundária, tratamento, estratégias de supervisão terapêutica, despiste precoce de casos, busca activa de casos na comunidade, de entre outros.
Mesmo assim, não foi possível realizar todas as actividades planeadas para este programa. Foram estabelecidas prioridades centrando a equipa o seu apoio na detecção precoce, através da consulta do adulto, no controlo laboratorial e no acompanhamento do tratamento.

2. PALUDISMO
O Paludismo é uma patologia endémica em todo o País, predominando o tipo Plasmodium Falciparum. Constitui o principal motivo de recurso aos cuidados de saúde no ambulatório e internamento.
As crianças menores de 5 anos são as mais afectadas por esta patologia, que no decurso do ano atingiu 11.341 crianças o que corresponde a 33% da população infantil desta faixa etária.
A resistência a anti palúdicos que se tem observado nos últimos anos, impôs a revisão dos protocolos terapêuticos e profiláticos contra o paludismo, particularmente no tratamento ambulatório, constituindo a principal mudança a substituição da Cloroquina, pelo “Coartem” (Artmether Lumefantrina).
Foram registados durante o ano, 41 óbitos por Paludismo todos, intra-hospitalar, no HR e nos CS.
A taxa de letalidade por Paludismo na região, no ano de 2008 foi de 0,18% e a mortalidade geral de 0,01%.

Acções realizadas :
. Participação e apoio na consulta de clínica geral;
. Promoção da profilaxia anti-palúdica nas grávidas de acordo com protocolo do programa;
. Apoio à formação contínua e supervisão planificada (avaliação e diagnostico; adequação da terapêutica; vigilância dos casos em particular dos grupos de risco, recolha, organização, análise e notificação dos casos diagnosticados);
. Acções de educação para a saúde nos centros de saúde, em particular durante a consulta de controlo do crescimento e vigilância materna;
. Sensibilização de profissionais e utentes para a necessidade de controlo laboratorial em particular nos grupos de risco;
. Reuniões com diversos intervenientes do Programa para a recolha, análise e processamento de informação.
· Formação em serviço para reforço das competências do rigor diagnóstico e uso racional dos antipaludicos.
. Formação formal para técnicos de saúde - para reforço das competências na área do manejo de casos graves de paludismo e todos os aspectos relacionados com o diagnóstico, protocolos terapêuticos, complicações, grupos de risco, profilaxia intermitente na grávida, medidas de prevenção.
. Formação para voluntários – reforço de competências no domínio das medidas prevenção do paludismo
De referir que o diagnóstico do paludismo é na maioria dos casos de presunção, sendo a confirmação laboratorial solicitada apenas em situações particulares de acordo com protocolo do Ministério da Saúde, que sem perder de vista as questões técnicas e éticas, tenta minimizar as dificuldades das famílias evitando deslocações, transporte e o próprio custo da pesquisa de HTZ.
A disponibilização de testes rápidos de pesquisa de HTZ, em todos os CS contribuiria para melhorar o diagnóstico e sobretudo para evitar resistência aos medicamentos.

3. ITS - HIV/SIDA
Guiné-Bissau tem uma taxa de prevalência de HIV/SIDA de 4% para o HIV1 e 2,7% para o HIV2. Bafatá é a região com a taxa de prevalência mais elevada 5,8% para o HIV1. (indicadores oficiais do programa SRLS). Para fazer face ao problema, foi criado um Serviço Regional de Luta contra a SIDA e três Centros de Aconselhamento e Despistagem Voluntária: Bafatá, Contuboel e Bambadinca.
O tratamento anti-retroviral e de doenças oportunistas é feito no Hospital Regional de Bafatá, para onde são referenciados todos os casos.


Acções realizadas:
. Formação para os vários grupos envolvidos: T. Saúde (60), Matronas (78), ASB (30) e voluntários (60), onde foram abordadas, aos vários níveis, as questões relacionadas com a temática das ITS-HI/SIDA insistindo nas medidas de prevenção destas doenças.
. Reforço da informação sobre as medidas de prevenção a nível individual e comunitário, integradas nos programas de saúde, em particular nas consultas de vigilância materna e planeamento familiar, rotinas diárias da equipa.
. A identificação de novos casos, detecção de casos através da prática de aplicação dos critérios de Bangui e a referenciação para confirmação do diagnóstico na unidade de saúde de referência, são igualmente acções promovidas e postas em prática.
. Formação, entre pares, sobre a problemática da infecção por HIV/ SIDA e outras doenças de transmissão sexual, em parceria com a AGUIBEF (Movimento e Acção Juvenil - MAJ) integrada num programa de campo de férias para jovens, que incluiu a realização de palestras no campo, e ainda abordagem individual a outros jovens com distribuição de preservativos, nos locais de diversão nocturna de Bafatá.
. Programa de Formação para técnicos de saúde sob o lema ”Melhorando a Qualidade da Prestação”, no qual foram incluídos aspectos ligados à problemática HIV/SIDA e no qual participou como formador o Coordenador do Programa
. Participação nas comemorações do dia internacional de luta contra o HIV / SIDA em parceria com a comissão nacional e associações locais. No âmbito destas comemorações foram realizadas peças de teatro alusivas ao tema nos principais bairros da cidade, distribuição de panfletos e preservativos em pontos estratégicos (locais de diversão nocturna) e várias acções de informação em diferentes tabankas, com a participação das várias associações locais da região.
Tentar implementar rotinas que permitam detectar precocemente este tipo de infecções, como por exemplo a observação ginecológica da grávida, a disponibilização de teste rápido de pesquisa HIV, investir na informação à comunidade sobretudo a nível escolar, envolvendo os parceiros locais, são estratégias que pretendemos sugerir e apoiar a sua implementação a nível regional.

4. CÓLERA
A ausência de rede de distribuição de água e saneamento básico e recolha de lixo, na cidade de Bafatá, a falta de controlo sanitário no abate de animais, mercados formais e informais de venda de alimentos, e ainda a falta de rede energia que possibilite a conservação de produtos e alimentos, aliados a comportamento e hábitos de higiene individual e colectivos, muito rudimentares, são os factores que perpetuam as sucessivas epidemias de cólera que eclodem anualmente no período das chuvas e tornam ainda mais vulneráveis as populações.
A epidemia teve início no segundo semestre de 2008, em meados do mês de Junho, em Bissau. A DRS pôs em curso o plano de contingência, à semelhança de anos anteriores, de acordo com as orientações do Ministério da Saúde Pública: Reunião com o Governador, Câmara Municipal e autoridades políticas da região, onde foram ajustadas as estratégias a adoptar de controlo da situação.
Na qualidade de principal parceiro da Região de Saúde de Bafatá, a ASP colaborou, apoiou e participou activamente em todas as iniciativas de controlo da epidemia:
· Criação / organização nos diferentes CS de salas para tratamento e isolamento de casos de cólera;
· Formação específica para Técnicos de Saúde, matronas e ASB e voluntários.
· Acções de informação em todas as áreas sanitárias sobre medidas de controlo e prevenção da cólera, durante a realização da consulta, e em todas as deslocações em estratégia avançada e durante a campanha de administração de suplemento de vitamina A, em 48 tabankas das diferentes Áreas Sanitárias: Gã – Carnês, Gã-Turé, Gâ-Mamudo, Xitole, Geba, Bambadinca, Contuboel, nos Bairros da cidade de Bafatá.
· Reuniões com líderes de todas as tabankas visitadas, para informação e mobilização da comunidade na recolha e queima de lixos, na desinfecção de poços e latrinas, no apoio aos CS e USB.
· Apoio aos CS na prestação de cuidados.
· Realização de acções de formação específicas, no âmbito do controlo e transmissão da cólera, para trabalhadores de higiene e limpeza do Hospital Regional de Bafatá;
· Realização de acções de educação para a saúde e sessões de teatro para grupos de “bideiras” (vendedoras ambulantes) e população dos bairros de Bafatá em parceria ASP/APROMEC, associação local. Esta iniciativa decorreu de 9 a 30 de Agosto tendo sido atingidas 400 bideiras e cerca de 2.000 habitantes dos bairros de Bafatá, que assistiram às peças de teatro sob o lema: “Prevenir a Cólera”
O alerta da Cólera manteve-se em todo o país, até ao dia 6 de Fevereiro de 2009, data em que foi declarado o fim da epidemia, depois de duas semanas consecutivas sem nenhum novo caso declarado.

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