domingo, 20 de dezembro de 2009

Estabelecimento de protocolos e parcerias com ONGD nacionais e internacionais, bem como outras instituições no terreno


Foram estabelecidos contactos, realizadas reuniões de trabalho e estabelecidas parcerias com o objectivo colocar ao serviço da comunidade e do desenvolvimento os recursos, as ideias e as experiências de todos os intervenientes no terreno e melhor concretizar os objectivos do projecto e desta forma contribuir para o desenvolvimento comunitário sustentado.
Parcerias estabelecidas
AGUIBEFE – Associação para o Bem-Estar da Família
APROMEC – Associação do Meio Ambiente Criança e Cultura (já realizou actividades de parceria)
ETAD – Estrutura Técnica de Apoio ao Desenvolvimento.
ASPAAB – Associação de Protecção de Água e Ambiente.
SAHEL – 21 – Província Leste (Conservação da Natureza)
MAJ – Movimento de Acção Juvenil. (já realizou actividades de parceria)
ALCOPRAM – Associação de luta contra praticas nefastas,
Foram ainda estabelecidos contactos com o Programa Alimentar Mundial (PAM) e com outras ONGD no terreno no sentido de rentabilizar e potencializar estrtatégias e recursos.
Ao longo do ano apoiamos algumas das organizações locais na elaboração de projectos, na procura de novas parcerias e financiadores para acções conjuntas.
A falta de verba prevista no Orçamento específicamente para financiamento destas actividades, tem condicionado a colaboração e participação em actividades neste âmbito.
Ao longo do ano foram realizadas diversas acções de parceria descritas ao longo dos vários capítulos.

Promoção de melhores condições de saneamento do meio ambiente




As condições de saneamento da grande maioria das tabancas são muito precárias. Os locais de recolha de água na sua maioria são partilhados por pessoas e animais. Exceptuando os furos artesianos, com bomba manual ou mecãnica, aos restantes poços encontram-se em péssimo estado protecção e higiene. A recolha de água num numero muito elevado de poços, é feita por mergulho, e os vasilhames são manuseados sem higiene.
Nas comunidades rurais não existem sanitários. Apenas algumas residências possuem latrinas rudimentares e um número significativo não tem sequer latrina.
Não há o hábito enterrar ou queimar os lixos, com regularidade.

São feitas grandes queimadas para preparação dos terrenos a cultivar, e para o fabrico de carvão, com grandes prejuízos para a fauna, flora, qualidade do ar e meio ambiente em geral.


Para promover melhores condições de saneamento do meio ambiente a equipa realizou um número significativo de acções de informação para a saúde, chamando a atenção para os aspectos que podem ser melhorados apenas com a prática de rotinas de higiene e mudança de hábitos prejudiciais ao meio ambiente.
Foram formados 8 trabalhadores na construção de latrinas. Estes trabalhadores ficaram sensibilizados para promover na comunidade a construção de latrinas melhoradas bem como prestar informação e aconselhamento sobre outras questões relacionadas com o saneamento: destino a dar aos lixos, construção e manutenção de poços em condições de segurança e higiene da tabanca.
Está a decorrer nas tabancas de Sado e Caone a identificação de famílias que querem aderir a um projecto de construção de latrinas melhoradas, com a colaboração de algumas associações locais. Esta iniciativa só poderá ser realizada se foram encontrados financiadores, já que como foi referido as famílias não tem capacidade financeira para custear a construção de uma latrina melhorada. Decorre, nesta fase, a procura de financiamento junto de empresários e sociedade civil portuguesa.

Reforço da capacidade institucional dos parceiros locais

Para dar resposta a este objectivo foram realizadas as seguintes actividades:

* Disponibilidade para participar e apoiar todo o planeamento da DRS de Bafatá.
* Disponibilização de todo o equipamento pedagógico e informático para a realização de actividades administrativas e de apoio à gestão.
* Apoio técnico na reorganização dos Centros de Saúde.
* Apoio na elaboração de mapas, suportes de informação, relatórios e documentos.
* Apoio na elaboração, execução e avaliação de programas de formação para técnicos de saúde.
* Reforço das competências através da realização de acções de formação específicas:“Usando a "Informação para a acção”e "Introdução à Informática"
* Participação / colaboração nas reuniões semanais e mensais de planeamento e avaliação.
* Colaboração / apoio aos responsáveis dos programas, na recolha, tratamento e apresentação de indicadores de saúde.
* Participação nas reuniões com parceiros locais para articulação de actividades e rentabilização de recursos;
* Colaboração / apoio nas actividades relacionadas com a supervisão planificada.
* Colaboração na avaliação anual / elaboração de relatórios e apresentação dos resultados em reunião Nacional;
* Reforço dos recursos de saúde (construção de USB) em áreas isoladas e carenciadas. SADO e CAONE, esta última ainda em construção.

Reforço da implementação das estratégias de Bamako

A Iniciativa de Bamako, patrocinada pela UNICEF e pela OMS, foi adotada em 1987 pelos ministros africanos da área da saúde, tinha por objetivo aumentar o acesso a cuidados básicos de saúde, melhorando a eficácia, a eficiência, a viabilidade financeira e a equidade dos serviços de saúde prestados, com participação direta da comunidade na administração e no financiamento de medicamentos essenciais, recuperando ao mesmo tempo para o sistema público o dinheiro gasto pelas famílias nos setores privado e informal.

Para dar resposta a este objectivo o projecto priorizou a motivação dos técnicos de saúde e a comunidade para a necessidade de dinamização dos CS e USB dentro do espírito de Bamako

Para isso, foram realizadas reuniões com chefes de tabanka e “homens grandes”onde foram abordadas as questões relacionadas com a participação da comunidade na construção, gestão e dinamização das USB, realçando a importância destas infra-estruturas, (a construir com o apoio do projecto ) na melhoria das condições de saúde e desenvolvimento da comunidade.

Em todas as deslocações para cuidados de saúde em "estratégia avançada", foi aproveitada a oportunidade para reunir com os chefes de tabanca e líderes locais promovendo, desta forma, a dinamização das USB, quase todas em mau estado de higiene e conservação / manutenção.
Estas deslocações foram também rentabilizadas para demonstrar as vantagens das USB, na melhoria das condições de saúde da comunidade em pequenas reuniões / formação continua para Matronas e Agentes de Saúde de Base.
Para a população em geral, foram realizadas acções de informação / educação para a saúde para reforçando a necessidade de dinamizar e por em prática iniciativas de Bamako - iniciativas de apoio ao desenvolvimento: Importancia da participação de todos na identificação de problemas e procura de soluções, procura de parceiros, financiadores, apoios para grupos carenciados (ajuda alimentar, medicamentosa, etc.), participação nas tarefas e actividades dos CS e ou USB: limpeza, arrumação, colaboração voluntária nas acções e programas de saúde, apoio aos T. de Saúde das respectivas áreas sanitárias e ainda a divulgação das vantagens do associativismo na potencialização dos recursos da comunidade.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Formação Contínua


A Formação como Plataforma
para a Qualidade dos Cuidados
O Plano de Formação Contínua, para a reião Sanitária de Bafatá, foi planeado em equipa ASP/Direcção Regional de Saúde e Responsáveis pelos programas, tendo por base as avaliações efectuadas e as recomendações dos concelhos executivos de avaliação mensal.

De acordo com esta política, iniciámos o programa de formação dando prioridade à formação das Parteiras Tradicionais (Matronas) porque, mesmo não fazendo parte integrante do serviço nacional de saúde, constituem grandes aliadas do sistema. São elas que podem manter dinamizadas e funcionais as USB e contribuir eficazmente para a adesão ao parto hospitalar, um dos grandes objectivos deste projecto .

Acções de Formação realizadas para Agentes de Saúde Comunitários, e Voluntários

"Programa de reciclagem para Parteiras Tradicionais"
Pretendeu-se com esta acção, para além de reforçar os conhecimentos relativos à vigilancia durante a gravidez, parto, puerpério e cuidados ao RN, promover o parto hospitalar, através da valorização do papel das matronas na identificação e refenciação das situações de ARO.
Foram realizados 3 programas, com uma carga horária de 30 horas cada, atingindo-se um total de 78 Matronas.

"Programa de Reciclagem para Agentes de Saúde de Base"
Participaram nesta acção 30 ASB, que teve uma carga horária de 30 horas. Foram reforçados os conhecimentos e as competências técnicas da prevenção, tratamento e referenciação das doenças mais prevalentes: Paludismo, diarreias, Desnutrição, IRA, Anemias de entre outras.

"Promover a Saúde - Prevenir a Doença" Formação para 60 Voluntários destinada a prevenir as patologias mais prevalentes na região: paludismo, diarreias, ITS / HIV / SIDA e TB.

Formação / Capacitação de Trabalhadores de latrinas
Esta formação foi realizada durante a construção da USB na tabanka do Sado e nela participaram oito elementos (homens) da tabanca.
Espera-se que desta acção resulte a cooperação destes elementos no apoio à construção de outras latrinas na comunidade.

Acções de Formação realizadas para Técnicos de Saúde

“Trabalhadores de Saúde Agentes de Mudança
Acção de formação para trabalhadores não diferenciados do HR e CS da região de Bafatá. Esta formação foi orientada essencialmente para os aspectos da Higiene e Biossegurança /prevenção da transmissão e manejo de casos de cólera.

“Introdução de novas vacinas”
Formação para profissionais de saúde, nela participaram todos os T. Saúde das diferentes Áreas Sanitárias da região.

“Melhorando a Qualidade da Prestação”
Acção de formação para 27 técnicos de saúde, onde foram reforçados os aspectos técnico-cientificos relacionados com a prevenção, despiste e tratamento das patologias mais prevalentes: paludismo, HIV/SIDA, IRA, Diarreias, Cólera e TB.

“Usando a Informação para a Acção”
Acção de formação para técnicos de Saúde, na área da informática, teve início a 11 de Agosto e irá manter-se ao longo do projecto, pretendendo atingir o máximo de profissionais.

"Actualização sobre Partograma"
Formação para profissionais de saúde, teve uma carga horária de 16 horas e nela participaram todas as parteiras da região e os responsáveis pelos CS.

“Gestão de dados estatísticos”
Destinado a técnicos de saúde dos vários grupos sócio profissionais, teve como objectivo, melhorar a recolha e notificação de indicadores de saúde.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Acções de Reforço Comunitário e de Educação para a Saúde.

USB - Unidade de Saúde de Base do SADO
antes e depois da intervenção do projecto

Para responder a este objectivo, o projecto planeou e realizou acções integradas para promoção de dinâmicas entre pessoas / grupos / instituições, geradoras de recursos e mudanças, em particular nos aspectos relacionados com a promoção da saúde e a melhoria do bem estar da comunidade.
Acções de Educação Sanitária, realizadas em parceria com organizações locais
Acções de Educação para a Saúde
Realizadas num número significativo de tabankas de todas as áreas sanitárias da Região, inseridas, não só, no âmbito da implementação de medidas de prevenção e controlo da epidemiade cólera, mas também, para sensibilização e promoção de práticas para melhorar as condições de higiene e bem-estar da família: prevenção das doença mais prevalentes: Paludismo, IST-HIV/SIDA, TB de entre outros aspectos igualmente importantes no bem estar da familia.

"Controlo e prevenção da cólera "
Acção destinada a Vendedoras Ambulantes realizada em parceria com a APROMEC - Associação local .
Campo de férias para jovens e adolescentes
Sob o lema “Jovens Rumo aos objectivos do Milénio”, programada em parceria com uma associação local AGUIBEF, para reforço das competências dos jovens voluntários em matéria de ITS e HIV/SIDA, que incluiu várias actividades culturais nas quais foram integradas acções de
Informação/Educação para a Saúde.
Outras Acções
Reuniões Programadas
Reuniões com as comunidades do SADO e CAONE com o objectivo e dinamizar e mobilizar para a construção da USB, (Unidade de Saúde de Base) de acordo com as estratégias de Bamako. (participação em todo o processo incluindo o financeiro)
"Apoio técnico e logístico na procura de parceiros e financiadores para pequenos projectos locais" (formação de associação de mulheres, melhoramento no acesso à agua, diversificação da agricultura .... )
"Promoção de intercambios entre escolas"

sábado, 14 de novembro de 2009

Consulta de Clínica Geral




A consulta de clínica geral é realizada em todos os Centros de Saúde, por ENFERMEIROS, à excepção dos Centros de Saúde de Contuboel e Cossé, únicos centros com Médico permanente.

As patologias mais prevalentes na população infantil dos 0 -14 anos são: Paludismo, IRA, Diarreia, Malnutrição, patologias directamente relacionadas com as precárias condições de desenvolvimento da maioria das comunidades da Guiné Bissau, sem acesso a àgua potável, saneamento básico, e recolha de lixos.

Embora esteja a ser feito um grande esforço relativamente à disponibilização de água potável nas comunidades rurais, por parceiros internacionais, um número significativo de tabankas ainda recorre a poços artesanais, mal localizados e sem impermeabilização, e por isso sem possibilidade de controlo da qualidade da água.
De entre os factores que contribuem para a elevada procura de cuidados de saúde, para além das deficientes condições de saneamento basico destacam-se:
. Hábitos culturais ligados à higiene em geral, e da alimentação em particular a partilha de alimentos em grupo sem recurso a talher (com as mãos), a introdução precoce de alimentos e a falta de mecanismos de conservação de alimentos.
. Precárias condições das habitações: falta de protecção contra mosquitos, roedores, ofídios e outros.
. Falta de protecção contra as condições climáticas que se verificam nesta região. (diferenças de temperatura muito acentuadas nas diferentes épocas do ano.
. Fraca adesão á utilização de redes mosquiteiras durante os períodos de maior exposição ao risco (região endémica de paludismo).

Sem uma acção política e social consertada, é difícil mudar e melhorar esta situação de pobreza extrema em que vive a grande maioria das famílias desta região e mesmo da Guiné Bissau.
Melhorar o acesso aos cuidados de saúde e reforçar o programa de medicamentos essenciais, são contributos do projecto e da equipa para reduzir a morbilidade e mortalidade infantil.

A contribuição do projecto neste programa:
· Melhoria do acesso das populações mais desfavorecidas aos cuidados de saúde, através da deslocação da equipa às tabancas mais isoladas, para prestação de cuidados integrados;
· Disponibilização de medicamentos essenciais às famílias mais necessitadas;
· Apoio / colaboração a nível na realização da consulta de clínica geral;
· Reforço da necessidade de cumprimento dos protocolos nas diferentes patologias;
· Rigor e confirmação do diagnóstico em particular o paludismo, e referenciação de casos graves;
· Colaboração no transporte de doentes em situação de urgência;
· Informação / educação para a saúde sobre medidas de prevenção, realizadas durante a consulta e nas salas de espera;
. Realização de reuniões de serviço para análise e discussão de casos especiais.
A sensibilização da comunidade para a importância do recurso aos cuidados de saúde atempadamente e a informação sobre medidas básicas de prevenção das complicações da doença na criança, são estratégias que irão certamente contribuir a médio prazo para a redução das taxas de mortalidade e morbilidade, para a redução da pobreza extrema e para a concretização dos objectivos do projecto - redução da taxa de mortalidade infantil na região em 10% no final dos três anos do projecto.
Durante o primeiro ano do projecto,não foi reportado nenhum caso do grupo das doenças transmissíveis prioritárias do PAV, à excepção da TB. (PFA, Sarampo, Tétano e Tétano Neo-Natal, Meningite, Febre Amarela)
As anemias, conjuntivites, e as lesões da pele (feridas, traumatismos) incluindo a escabiose, são também motivos significativos na procura de cuidados de saúde e estão directamente relacionadas com as precárias condições de vida das populações.


quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Grandes Endemias


O Teatro e a Dança - Estratégias de comunicação de grande impacto, utilizadas nas acções de Educação para a Saúde.


1. TB / LEPRA
Este é, um dos programas com grandes dificuldades em toda a gestão.
A busca activa de casos na comunidade, o controlo de conviventes, a supervisão terapêutica, o controlo laboratorial, a falta de notificação de casos, e a própria recolha de indicadores oficiais, são actividades muito deficitárias, que se reflectem nos indicadores do programa.

Dificuldades identificadas
. Condições inadequadas de internamento para doentes em fase de contágio, sobretudo no que respeita a alimentação, por falta de cozinha no Hospital Regional e financiamento para o fornecimento de alimentação;
. Deficientes condições para controlo do doente e família em regime ambulatório;
. Abandonos/interrupções do tratamento;
. Deficiente recolha de informação epidemiológica;
· Ruptura do stock de medicamentos;
· Deficiente retro-informação
Estas dificuldades mantiveram-se durante todo o ano, agravadas ainda mais com a ruptura do stock de medicamentos antibacilares a nível Nacional, que se verificou no mês de Dezembro, obrigando à interrupção temporária de alguns tratamentos em curso.

Acções realizadas:
· Participação na recolha, organização e notificação epidemiológica, através da elaboração de suportes de recolha de informação.
· Apoio logístico, transporte e reprodução de materiais de informação.
. Apoio ao responsável do programa em termos logísticos, nas deslocações aos CS, USB e comunidade para realização de actividades ligadas à gestão do programa, busca activa de casos na comunidade, controlo de tratamento, confirmação de abandonos e óbitos por tuberculose ou lepra, etc.
. Realização de reuniões com as equipas locais, onde são abordadas as questões relacionadas com este programa: confirmação do diagnóstico por exame de pesquisa de BK, notificação de novos casos, referenciação para tratamento intensivo quando necessário, início do tratamento, revisão do esquema terapêutico quer na fase intensiva quer na fase de manutenção.
· Sensibilização dos Técnicos de Saúde para a necessidade de controlo / vigilância dos contactos e apoio logístico sempre que necessário.
· Apoio na elaboração dos relatórios de avaliação do programa e do plano de acção para o ano 2009.
Foram realizadas diferentes acções de formação formal para Técnicos de Saúde, Matronas , ASB e voluntários, nas quais foram incluídas os principais problemas ligados a este programa: prevenção primária e secundária, tratamento, estratégias de supervisão terapêutica, despiste precoce de casos, busca activa de casos na comunidade, de entre outros.
Mesmo assim, não foi possível realizar todas as actividades planeadas para este programa. Foram estabelecidas prioridades centrando a equipa o seu apoio na detecção precoce, através da consulta do adulto, no controlo laboratorial e no acompanhamento do tratamento.

2. PALUDISMO
O Paludismo é uma patologia endémica em todo o País, predominando o tipo Plasmodium Falciparum. Constitui o principal motivo de recurso aos cuidados de saúde no ambulatório e internamento.
As crianças menores de 5 anos são as mais afectadas por esta patologia, que no decurso do ano atingiu 11.341 crianças o que corresponde a 33% da população infantil desta faixa etária.
A resistência a anti palúdicos que se tem observado nos últimos anos, impôs a revisão dos protocolos terapêuticos e profiláticos contra o paludismo, particularmente no tratamento ambulatório, constituindo a principal mudança a substituição da Cloroquina, pelo “Coartem” (Artmether Lumefantrina).
Foram registados durante o ano, 41 óbitos por Paludismo todos, intra-hospitalar, no HR e nos CS.
A taxa de letalidade por Paludismo na região, no ano de 2008 foi de 0,18% e a mortalidade geral de 0,01%.

Acções realizadas :
. Participação e apoio na consulta de clínica geral;
. Promoção da profilaxia anti-palúdica nas grávidas de acordo com protocolo do programa;
. Apoio à formação contínua e supervisão planificada (avaliação e diagnostico; adequação da terapêutica; vigilância dos casos em particular dos grupos de risco, recolha, organização, análise e notificação dos casos diagnosticados);
. Acções de educação para a saúde nos centros de saúde, em particular durante a consulta de controlo do crescimento e vigilância materna;
. Sensibilização de profissionais e utentes para a necessidade de controlo laboratorial em particular nos grupos de risco;
. Reuniões com diversos intervenientes do Programa para a recolha, análise e processamento de informação.
· Formação em serviço para reforço das competências do rigor diagnóstico e uso racional dos antipaludicos.
. Formação formal para técnicos de saúde - para reforço das competências na área do manejo de casos graves de paludismo e todos os aspectos relacionados com o diagnóstico, protocolos terapêuticos, complicações, grupos de risco, profilaxia intermitente na grávida, medidas de prevenção.
. Formação para voluntários – reforço de competências no domínio das medidas prevenção do paludismo
De referir que o diagnóstico do paludismo é na maioria dos casos de presunção, sendo a confirmação laboratorial solicitada apenas em situações particulares de acordo com protocolo do Ministério da Saúde, que sem perder de vista as questões técnicas e éticas, tenta minimizar as dificuldades das famílias evitando deslocações, transporte e o próprio custo da pesquisa de HTZ.
A disponibilização de testes rápidos de pesquisa de HTZ, em todos os CS contribuiria para melhorar o diagnóstico e sobretudo para evitar resistência aos medicamentos.

3. ITS - HIV/SIDA
Guiné-Bissau tem uma taxa de prevalência de HIV/SIDA de 4% para o HIV1 e 2,7% para o HIV2. Bafatá é a região com a taxa de prevalência mais elevada 5,8% para o HIV1. (indicadores oficiais do programa SRLS). Para fazer face ao problema, foi criado um Serviço Regional de Luta contra a SIDA e três Centros de Aconselhamento e Despistagem Voluntária: Bafatá, Contuboel e Bambadinca.
O tratamento anti-retroviral e de doenças oportunistas é feito no Hospital Regional de Bafatá, para onde são referenciados todos os casos.


Acções realizadas:
. Formação para os vários grupos envolvidos: T. Saúde (60), Matronas (78), ASB (30) e voluntários (60), onde foram abordadas, aos vários níveis, as questões relacionadas com a temática das ITS-HI/SIDA insistindo nas medidas de prevenção destas doenças.
. Reforço da informação sobre as medidas de prevenção a nível individual e comunitário, integradas nos programas de saúde, em particular nas consultas de vigilância materna e planeamento familiar, rotinas diárias da equipa.
. A identificação de novos casos, detecção de casos através da prática de aplicação dos critérios de Bangui e a referenciação para confirmação do diagnóstico na unidade de saúde de referência, são igualmente acções promovidas e postas em prática.
. Formação, entre pares, sobre a problemática da infecção por HIV/ SIDA e outras doenças de transmissão sexual, em parceria com a AGUIBEF (Movimento e Acção Juvenil - MAJ) integrada num programa de campo de férias para jovens, que incluiu a realização de palestras no campo, e ainda abordagem individual a outros jovens com distribuição de preservativos, nos locais de diversão nocturna de Bafatá.
. Programa de Formação para técnicos de saúde sob o lema ”Melhorando a Qualidade da Prestação”, no qual foram incluídos aspectos ligados à problemática HIV/SIDA e no qual participou como formador o Coordenador do Programa
. Participação nas comemorações do dia internacional de luta contra o HIV / SIDA em parceria com a comissão nacional e associações locais. No âmbito destas comemorações foram realizadas peças de teatro alusivas ao tema nos principais bairros da cidade, distribuição de panfletos e preservativos em pontos estratégicos (locais de diversão nocturna) e várias acções de informação em diferentes tabankas, com a participação das várias associações locais da região.
Tentar implementar rotinas que permitam detectar precocemente este tipo de infecções, como por exemplo a observação ginecológica da grávida, a disponibilização de teste rápido de pesquisa HIV, investir na informação à comunidade sobretudo a nível escolar, envolvendo os parceiros locais, são estratégias que pretendemos sugerir e apoiar a sua implementação a nível regional.

4. CÓLERA
A ausência de rede de distribuição de água e saneamento básico e recolha de lixo, na cidade de Bafatá, a falta de controlo sanitário no abate de animais, mercados formais e informais de venda de alimentos, e ainda a falta de rede energia que possibilite a conservação de produtos e alimentos, aliados a comportamento e hábitos de higiene individual e colectivos, muito rudimentares, são os factores que perpetuam as sucessivas epidemias de cólera que eclodem anualmente no período das chuvas e tornam ainda mais vulneráveis as populações.
A epidemia teve início no segundo semestre de 2008, em meados do mês de Junho, em Bissau. A DRS pôs em curso o plano de contingência, à semelhança de anos anteriores, de acordo com as orientações do Ministério da Saúde Pública: Reunião com o Governador, Câmara Municipal e autoridades políticas da região, onde foram ajustadas as estratégias a adoptar de controlo da situação.
Na qualidade de principal parceiro da Região de Saúde de Bafatá, a ASP colaborou, apoiou e participou activamente em todas as iniciativas de controlo da epidemia:
· Criação / organização nos diferentes CS de salas para tratamento e isolamento de casos de cólera;
· Formação específica para Técnicos de Saúde, matronas e ASB e voluntários.
· Acções de informação em todas as áreas sanitárias sobre medidas de controlo e prevenção da cólera, durante a realização da consulta, e em todas as deslocações em estratégia avançada e durante a campanha de administração de suplemento de vitamina A, em 48 tabankas das diferentes Áreas Sanitárias: Gã – Carnês, Gã-Turé, Gâ-Mamudo, Xitole, Geba, Bambadinca, Contuboel, nos Bairros da cidade de Bafatá.
· Reuniões com líderes de todas as tabankas visitadas, para informação e mobilização da comunidade na recolha e queima de lixos, na desinfecção de poços e latrinas, no apoio aos CS e USB.
· Apoio aos CS na prestação de cuidados.
· Realização de acções de formação específicas, no âmbito do controlo e transmissão da cólera, para trabalhadores de higiene e limpeza do Hospital Regional de Bafatá;
· Realização de acções de educação para a saúde e sessões de teatro para grupos de “bideiras” (vendedoras ambulantes) e população dos bairros de Bafatá em parceria ASP/APROMEC, associação local. Esta iniciativa decorreu de 9 a 30 de Agosto tendo sido atingidas 400 bideiras e cerca de 2.000 habitantes dos bairros de Bafatá, que assistiram às peças de teatro sob o lema: “Prevenir a Cólera”
O alerta da Cólera manteve-se em todo o país, até ao dia 6 de Fevereiro de 2009, data em que foi declarado o fim da epidemia, depois de duas semanas consecutivas sem nenhum novo caso declarado.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Vacinação




À semelhança de outros programas, também no Programa Alargado de Vacinação foram identificadas algumas deficiências e elaborado plano de a acção, tendo em vista a melhoria dos indicadores de execução e desempenho.
Algumas deficiências identificadas:
· Deslocações irregulares em estratégia avançada (brigadas móveis);
· Ruptura de stock de vacinas;
· Armazenamento incorrecto nos Centros de Saúde de consumíveis em particular seringas e agulhas;
· Utilização incorrecta de técnicas e materiais de biossegurança;
· Deficiente manutenção da cadeia de frio (frigoríficos solares/petróleo);
· Fornecimento irregular de combustível, peças sobressalentes e de outros consumíveis.
· Pessoal técnico escasso.

Todas as actividades de vacinação realizadas ao longo do ano, foram integradas na metodologia de trabalho “Estratégia Avançada” nas diferentes USB e tabankas, sempre em colaboração com os técnicos de saúde das respectivas áreas sanitárias e aproveitando todas as oportunidades de vacinar, e numa atitude pedagógica permanente.
Para além da vacinação foram realizadas acções de educação para a saúde à população, em todos os locais de concentração, sobre aspectos relacionados com a vacinação e saneamento - “higiene na tabanka” - água, higiene dos locais de recolha; lixos, recolha e destino final; medidas de prevenção da doença em particular a cólera acções realizadas no âmbito do controlo da epidemia de cólera, já recorrente no país na epoca das chuvas.
Apesar dos problemas com a ruptura de stock de algumas vacinas, problemas relacionados com a logística e programação para a introdução de novas vacinas, foram conseguidas taxas globais superiores a 80% para a vacina Pentavalente e para a Polio, embora com alguns desvios na média à custa de alguns CS com dificuldades de pessoal e também de acesso, no período das chuvas. O facto de se ter realizado a vacinação porta a porta, ou utilizar a deslocação às tabancas com maior distancia de percurso aos CS contribuiu uma maior adesão e assim uniformizar as taxasde cobertura na região.
A vacinação é uma das actividades em que os profissionais mais se empenham. Apesar das dificuldades de deslocação, de manutenção da cadeia de frio e de falta de pessoal, todos fazem um esforço suplementar para manter as taxas de cobertura estáveis e cumprir as metas propostas pela DRS de Bafatá, mantendo-se a região com as melhores taxas de cobertura vacinal do País.
Este programa foi reforçado na área da formação de técnicos de saúde com o programa de formação de 8 horas sob o tema “Introdução de Novas Vacinas”, realizado pelo projecto “mais Saúde , Melhor Saúde por Bafatá, em parceria com a DRS beneficiando 22 técnicos de saúde da região.

sábado, 7 de novembro de 2009

Planeamento Familiar


O Contributo da equipa do Projecto - Mais Saúde Melhor Saúde por Bafatá – para melhorar o bem-estar a família, e da melhoria dos indicadores deste programa, é feito sobretudo à custa da realização de acções de informação / educação sanitária e do apoio à formação de técnicos de saúde, Matronas e grupos de voluntários e jovens, onde são abordadas as questões relacionadas sexualidade, contracepção, gravidez na adolescência, prevenção de ITS- HIV/SIDA.
É com estes grupos, (voluntários de associações locais, AGUIBEF, APROMEC, APRODEL, ETAD de entre outras) que contamos para as acções realizadas e a realizar na comunidade, porque as dificuldades de comunicação nas várias línguas locais constituem ainda uma barreira importante, apara os elementos da equipa.
Contamos ainda com a experiência e o saber da Enf.ª parteira local contratada pelo projecto que, realiza a consulta de PF dois dias por semana no CS de Bafatá é responsável pela supervisão do programa: recursos, supervisão, avaliação, formação.
As questões culturais ligadas à maternidade e ao papel da mulher na família e na sociedade e ainda o factor religioso (Fula e Mandinga, etnias predominantes na região, ambas muçulmanas que não aceitam o controlo da natalidade, competividade entre combossas, mulheres do mesmo marido) são factores determinantes no recurso à consulta de Planeamento Familiar. Estes factores aliados ao analfabetismo da grande maioria das mulheres, e o obscurantismo, condicionam o acesso à consulta de PF.
Para além da participação nesta consulta a equipa realiza acções de informação a nível individual e de grupos, durante as consultas e sempre que surgem oportunidades para sensibilizar sobre a importância do planeamento familiar nas várias vertentes do desenvolvimento humano e social.
Foram ainda realizadas acções formais de formação onde foram debatidas as questões relacionadas com o planeamento familiar: gravidez na adolescência, espaçamento da gravidez, prevenção das ITS-HIV/SIDA.
Apesar do grande envolvimento da equipa e dos profissionais locais, na promoção desta consulta, traduzido nas multiplas acções de informação inseridas nas acções de promoção do parto hospitalar, esta consulta, ficou muito aquém das expectativas. Num universo de 44.454 mulheres em idade fertil (MIF), apenas 4,8% recorreu a esta consulta, durante o ano de 2008, na região de Bafatá.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Desnutrição Infantil

De acordo com os indicadores do PAM (programa alimentar mundial) Bafatá é a região da Guiné-Bissau onde se registam taxas mais elevadas de desnutrição infantil cerca de 24% e por isso, esta organização tem parcerias com alguns CS fornecendo alimentos apoiar crianças e mulheres grávidas com carências alimentares.

A redução deste indicador em 30%, é um dos objectivos a alcançar no final do projecto. Para isso , foram postas em prática algumas medidas:
. A reintrodução da educação sanitária, de forma sistematizada, como estratégia fundamental para a mudança de comportamentos e consequentemente para a melhoria da saúde da família, e da comunidade;
. Identificação e referenciação de todos os casos de desnutrição e situações de risco face ao problema sbjacente: prenaturas ou com baixo peso ao nascer, orfandade, gemelaridade, crianças negligenciadas, pai ou mãe ausentes, crianças com irmãos com desnutrição, crianças com deficiência ou doença crónica, filhos de mães seropositivas, etc.
· Planeamento de acções complementares para reforço das competências da família reativamnte aos cuidados necessários à criança;
. Deslocações às tabancas onde se regista um número significativo de crianças desnutridas;
. Convocação de pequenos grupos de mães para acções de educação para a saúde orientadas para problemas específicos da desnutrição;
· A Supervisão dos esquemas alimentares, ensino sobre confecção de alimentos, administração de suplementos alimentares e / ou vitamínicos e desparasitantes.
. Referenciação para instituições locais para apoio alimentar.
. Reintrodução da consulta de "atenção especial" em todos o CS.
Esta consulta não foi possível concretizar. Inúmeras dificuldades sobretudo relacionadas com a escassez de pessoal técnico, e também a sobrecarga de trabalho com as quatro campanhas de Suplementação vitamina A, vacinação e desparasitação, realizadas durante o ano.
Foram realizadas algumas acções de informação e educação para a saúde no decurso das consultas de puericultura e outras em parceria com associações locais, com as quais formalizamos parceria, tentando motivar a família para as questões relacionadas com a segurança alimentar, particularmente nos particular nos as aspectos relacionados com a amamentação precoce e exclusiva até ao 6º mês, introdução de novos alimentos, higiene da água e alimentos, cultivo e diversificação de produtos agrícolas.

Saúde Infantil



A taxa de Mortalidade Infantil na Guiné-Bissau é uma das mais elevadas no mundo!

Um dos grandes objectivos deste projecto é contribuir para diminuição da morbilidade e da mortalidade infantil.

Também neste programa, privilegiámos a estratégia avançada, como forma de melhorar a acessibilidade, das populações mais desfavorecidas aos cuidados de saúde, e estabelecer contactos formais e informais com as autoridades de saúde e líderes locais, sensibilizando para as questões da saúde e da importância do envolvimento e participação de todos no apoio ao desenvolvimento.
Dos cuidados de saúde realizados pela equipa do projecto destacam-se:
. Avaliação do estado de saúde da criança, observação e avaliação antropométrica.
. Identificação de sinais de alarme / risco: filhos de mãe seropositiva, malnutrição, orfandade, abandono, pais ausentes, gémeos, negligência e pobreza extrema.
. Educação para a Saúde.
. Referenciação para os diferentes apoios sociais: PAM, Caritas Diocesana, Missões Católicas (organizações com algum poder interventivo no terreno).
. Apoio medicamentoso às famílias das crianças doentes e mais desfavorecidas.
. Transporte / transferência de crianças doentes referenciadas para Hospital Regional de Bafatá.· Recolha de indicadores de saúde.
. Avaliação mensal / discussão de casos com técnicos de saúde e Direcção Regional como estratégia de reforço de competências para melhor cuidar.
As taxas elevadas de mortalidade infantil, revelam sobretudo a fragilidade do sistema de saúde.
Assistimos à preocupação e ao empenho de todos os profissionais na procura de novas estratégias para melhorar os níveis de saúde da população, e em particular os cuidados à mãe e à criança, mas são muitas as dificuldades, para alcançar as metas anualmente programadas e esperadas.
A maioria dos Centros de Saúde tem apenas um ou dois profissionais para uma população média de 13.000 habitantes, com aldeias isoladas e muito dispersas, situações que dificultam ainda mais a acessibilidade. Mesmo recorrendo à metodologia “estratégia avançada” não é possível chegar a todas as comunidades e realizar cuidados integrados a um número significativo da população infantil.
Manter e insistir na “estratégia avançada” aproveitando a oportunidade da vacinação para realizar esta consulta e fazer educação sanitária, parece-nos a melhor metodologia de trabalho.
Tem-se observado um aumento cada vez mais significativo na adesão à esta consulta, no grupo de crianças menores de um ano, no entanto é necessário insistir na vigilância regular das crianças do grupo etário 1-4 anos, onde se regista algum abandono / descuido por parte dos progenitores.
Como o espaçamento entre gestações é muito curtos, por cada novo nascimento verifica-se um “abandono”: abandono do aleitamento materno, da vigilância alimentar e cuidados gerais. Quase sempre estas crianças ficam sob a tutela dos irmãos mais velhos, tornando-os ainda mais vulneráveis ao risco.
Foram realizadas em toda a região, durante o ano de 2008, 24.557 consultas de vigilância infantil e observadas 8.884 crianças em primeira consulta.
A equipa do projecto realizou 4.603 consultas, na sua maioria em estratégia avançada, dando assim resposta a dois dos objectivos globais deste projecto: Melhorar a acessibilidade aos cuidados das populações mais desfavorecidas e contribuir para a diminuição da mortalidade e morbilidade Infantil.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Saúde Materna



Saúde Materna é uma das grandes preocupações das autoridades de saúde e também da equipa do projecto.
De entre os principais constrangimentos deste programa salientam-se:
· Pobreza extrema de um número significativo mulheres grávidas;
· Deficientes condições de biossegurança para os cuidados no parto e ao recém-nascido (RN) (falta de água, energia, equipamentos para esterilização de materiais, materiais básicos de consumo corrente);
· Custos de todos os cuidados, materiais e medicamentos, suportados pelas famílias;
· Falta de materiais básicos (kits individuais de parto), para a realização do parto;
· Dificuldades extremas para efectuar evacuações/urgências obstétricas (falta de comunicações e transporte);
· Falta de pessoal técnico (um número significativo de CS tem Parteira);
· Matronas das USB muito idosas, com dificuldades de aprendizagem / mudança;
· USB sem condições mínimas, para prestar qualquer tipo de cuidado, incluindo o parto higiénico.

Para melhorar os indicadores relativos à saúde materna, mortalidade materna, taxa de cobertura de vigilância na gravidez, gravidez na adolescência e parto hospitalar, a equipa planeou e pôs em prática algumas estratégias:
· Reorganização das salas de partos de todos os CS que a equipa apoia de uma forma mais regular;
· Reintrodução de medidas de biossegurança; (limpeza, higiene, descontaminação e desinfecção de materiais)
· Reintroduzida a educação para a saúde como forma de sensibilização e promoção do parto hospitalar;
· Acompanhamento da consulta de vigilância materna e trabalho de parto, pela Enf.ª especialista do projecto, com dupla função: apoio técnico e formação em serviço;
· Identificação e acompanhamento regular das grávidas com Alto Risco Obstétrico (ARO), motivando e sensibilizando para a necessidade do parto hospitalar em unidades de saúde de referência (HRSB);
· Revisão dos principais protocolos terapêuticos e de actuação; identificação das situações ARO; urgências obstétricas; evacuações, cuidados durante e depois do parto; cuidados ao RN, etc.
· Realização de reuniões para formação em serviço com os responsáveis e parteiras dos CS para revisão de casos especiais e revisão dos protocolos específicos;
· Reciclagem para Matronas;
· Apoio às USB nas deslocações em estratégia avançada.

"Estratégia avançada" - proximidade e envolvimento




Grande parte das actividades do principal programa de saúde – Saúde da Família - são realizadas em “estratégia avançada”, que não é mais que uma metodologia de trabalho integrado que pretende facilitar o acesso a cuidados de saúde às populações mais carenciadas e isoladas: mais próximos e integrados, permitindo aos técnicos de saúde intervir a nível da saúde da comunidade.

Durante o primeiro ano do projecto foram efectuadas pela equipa do projecto, de segunda a sexta-feira, inúmeras deslocações a USB e tabancas para facilitar o acesso aos cuidados de saúde integrados: vacinação, vigilância infantil, vigilância materna e educação para a saúde.

Em todas as deslocações efectuadas às diferentes USB ou tabancas, os cuidados de saúde foram prestados em colaboração com as Matronas e Agentes de Saúde de Base, aproveitando para reforçar as suas competências nas áreas de maior dificuldade: higiene das instalações, identificação de sinais de risco e referenciação, cumprimento de protocolos terapêuticos em particular nas diarreias e paludismo, situações responsáveis por grande parte da mortalidade e morbilidade infantil.

O contacto com os Chefes de Comité de tabancas e com os Líderes Locais foi também uma das estratégias implementadas para reforçar o envolvimento da comunidade na dinamização das USB, uma das maiores dificuldades identificadas (estado de degradação avançado, fechadas, inoperacionais).

As dificuldades dos técnicos de saúde se deslocarem às USB com regularidade para apoiar e supervisar estas unidades, constituem um obstáculo ao desenvolvimento, difícil de ultrapassar sem apoio técnico e financeiro sustentável.

De referir que as USB servem de pontos estratégicos de concentração de outras tabancas que beneficiam destas unidades comunitárias.

Reforço do stock de medicamentos e materiais de consumo corrente, de acordo com o programa de medicamentos essenciais

A equipa participou na organização das farmácias dos Centros de Saúde de Bambadinca, Gamamudo, Gã-Turé, Gã- Carnes, Geba e Xitole.

Esta iniciativa consistiu nas seguintes acções:
· Limpeza e arrumação dos espaços;
· Acondicionamento de medicamentos e materiais de acordo com as regras do Programa de medicamentos essenciais;
· Revisão e actualização das fichas de stock;
· Reposição de stock de medicamentos e materiais de consumo corrente;
· Reforço das farmácias locais com materiais de higiene, desinfectantes e materiais de consumo corrente;
· Colaboração nas visitas de supervisão planificada;
· Participação em reuniões de avaliação e formação em serviço;
· Formação contínua.

Na segunda metade do ano, foram reforçados os aspectos relacionados com consolidação da aprendizagem (gestão dos stocks e organização da farmácias) sobretudo à custa da formação em serviço, rentabilizando com oportunidade as deslocações regulares aos CS para apoio ou reforço de outras actividades.

Foram ainda disponibilizados alguns medicamentos essenciais, para além do reforço às farmácias do SNS, (Cloroquina, sulfato ferroso, amoxicilina e benzoato de benzilo), e materiais de consumo médico (algodão, compressas) para apoiar as famílias mais carenciadas e entregues no decurso da consulta.

Reorganização tecnico-funcional dos Centros de Saúde e Unidades de Saúde



Para apoiar as equipas locais nos aspectos organizacionais e funcionais dos Centros de Saúde (CS) foram realizadas várias visitas aos CS. Destacam-se como principais actividades realizadas:
· Limpeza de instalações, materiais e equipamentos;
· Organização de livros de registo e dossiers;
· Reformulação de suportes de registo e recolha de indicadores;
· Actualização de stock de materiais e medicamentos;
· Reabilitação de equipamentos (balanças, marquesas, gavetas), em mau estado de funcionalidade;
· Inutilização de materiais e equipamentos obsoletos e excedentários;
· Reorganização funcional dos gabinetes de consulta e sala de partos;
· Revisão dos circuitos de lixos e resíduos hospitalares (incineração/queima/aterro).
Estas visitas foram acompanhadas por um responsável da Direcção Regional de Saúde de Bafatá que, de forma integrada, participa nas actividades e exerce (de acordo com as suas responsabilidades) as funções de supervisor e formador.

Reforço do mobiliário e dos equipamentos de apoio aos cuidados de saúde e à gestão

Foi efectuada a prospecção de mercado na Guiné-Bissau para aquisição do mobiliário e equipamento hospitalar para as Unidades de Saúde Básicas (USB). Verificada a ausência de resposta local, procedeu-se à aquisição do referido equipamento em Portugal.

Para evitar desalfandegamentos e também revitalizar e dinamizar o emprego e economia local, foi decidido mandar executar localmente algum mobiliário: mesas e cadeiras.

Foi adquirido (por compra ou doação) algum equipamento hospitalar, de escritório e material médico-cirúrgico de consumo corrente, em várias instituições portuguesas.

Reabilitação de instalações e equipamentos em mau estado de conservação





Com vista ao planeamento das diferentes actividades foram efectuadas visitas técnicas a todos os Centros de Saúde da Região – Bafatá, Bambadinca, Cambadjú, Contuboel, Cossé, Fajonquito, Gã-Carnês, Gã-Mamudo, Gã-Touré, Geba, Sare Bacar, Tendinto e Xitole, abrangendo cerca de 1.068 tabancas e 88 Unidades de Saúde de Base (USB), para uma população estimada de 202.062 pessoas (em 2008).

De entre estes, foram feitas visitas técnicas prioritárias a seis Unidades de Saúde Básicas – Caone, Contuba, Fatacon, Madina Bonco, Sado e Tchabada – o que permitiu avaliar a situação no local e discutir as necessidades de intervenção imediata.

Ficou decidido que a primeira USB a construir seria na Área Sanitária de Geba, na tabanca SADO, localidade com enormes dificuldades de acesso, situada na fronteira com a Região de Oio e a segunda, na tabanca de CAONE, Área Sanitária de Contuboel, igualmente zona interior, fronteira com a Região Administrativa de Sonaco.

Como a actual política de saúde não recomenda a construção de USB do tipo tradicional, a DRS sugeriu que avaliássemos a possibilidade de construir um menor número de USB, em benefício da qualidade da construção em alvenaria, De facto nestas visitas, a equipa constatou que, mesmo as construções recentes, em “adobe” e materiais locais (um ou dois anos), se encontravam em avançado estado de degradação, sem condições mínimas para a prestação de cuidados.
As acções de sensibilização / informação à comunidade, foram realizadas pela equipa e representantes da DRS, aproveitando as deslocações a essas tabancas.

Foram realizadas reuniões com os líderes locais da tabanca SADO, e CAONE, nas quais foram negociados e formalizados todos os aspectos relacionados com a construção e gestão da USB.

Durante a construção foram surgindo alguns problemas que fomos tentando solucionar, relacionados com a fraca adesão da comunidade, principalmente nas tarefas relacionadas com de recolha de materiais locais, sendo mesmo necessário disponibilizar recursos materiais e trabalhadores contratados para essas tarefas.

Apesar do comprometimento da comunidade na construção, apenas os ”homens grandes” da tabanca participarem com regularidade na construção, obrigando a um grande dispêndio de tempo no acompanhamento e supervisão dos trabalhos, e em recursos financeiros para incentivo e mobilização dos colaboradores.

Durante a fase de construção foram realizadas várias reuniões com a comunidade local, onde forma abordadas questões relacionadas com a água, saneamento saúde e desenvolvimento comunitário.



Instalação no terreno e organização da logística



A acção teve início no dia 22 de Fevereiro de 2008, com a deslocação e instalação no terreno da Equipa Expatriada (uma médica e duas enfermeiras, que se juntaram ao logístico, presente em Bissau desde o dia 18 desse mês), acompanhada do coordenador do projecto na Sede da Associação Saúde em Português.

Esta primeira actividade decorreu conforme previsto, tendo sido realizadas as reuniões agendadas para Bissau e Bafatá nas três primeiras semanas, a saber:
* Reunião com a Sr.ª Ministra da Saúde da Guiné-Bissau – Dr.ª Eugénia Saldanha Araújo e Director do Plano – Dr. Augusto Paulo Silva;
* Reunião com a Delegação da União Europeia na Guiné-Bissau – Dr. Arnold Jacques de Dixmude (Desenvolvimento Rural) e Dr. Romain Boitard (Programas das ONGDs);
* Reunião com o Adido para a Cooperação da Embaixada de Portugal na Guiné-Bissau;
* Reunião com a Direcção Regional de Saúde de Bafatá;
* Visitas ao Hospital Regional de Bafatá e Centro de Saúde de Geba.
Neste período fomos recebidos em audiência pelo Sr. Embaixador de Portugal na Guiné-Bissau e também pelo Sr. Embaixador da União Europeia na Guiné-Bissau.

A instalação definitiva da equipa em Bafatá sofreu um atraso de dois meses após a chegada ao terreno, devido a problemas inultrapassáveis relativos aos atrasos no desalfandegamento do contentor que transportava todo o equipamento para a residência e escritório, bem como devido ao atraso nas obras de reabilitação do edifício arrendado para a sua instalação.

Esta situação obrigou à instalação temporária da equipa no Hotel de Bafatá nos primeiros dois meses, com todas as dificuldades logísticas e de funcionamento da equipa daqui decorrentes, e também ao grave acréscimo das despesas previstas e orçamentadas para esta actividade.

A viatura adquirida para a execução das actividades no terreno apenas foi disponibilizada no mês de Abril (por constrangimentos na chegada do mesmo ao porto de Bissau e correspondente desalfandegamento), o que obrigou ao aluguer de uma viatura neste período, com o consequente aumento de despesas, também não previstas no orçamento.

Apesar destas dificuldades, a equipa iniciou os seus trabalhos, em estreita ligação com a Direcção Regional de Saúde, dando corpo às principais actividades previstas no plano de acção do Projecto “Mais saúde, melhor saúde por Bafatá”.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Actividades principais

De entre as actividades desenvolvidas no âmbito do Projecto "Mais Saúde, Melhor Saúde por Bafatá", contam-se:

* Construção e equipamento de 6 Unidades de Saúde Básicas da Região de Bafatá, e sua organização técnico-funcional;

* Reforço do stock de medicamentos e materiais de consumo corrente, de acordo com o programa de medicamentos essenciais;

* Apoio aos principais programas:
- saúde materno-infantil,
- programa alargado de vacinação,
- doenças sexualmente transmissíveis,
- malária
- tuberculose;

* Formação de matronas e agentes de saúde comunitários;

* Implementação de acções de reforço comunitário e de educação para a saúde e formação de activistas;

* Construção de latrinas melhoradas para desenvolver o saneamento do meio.

Sobre o Projecto...



O Projecto "Mais saúde, melhor saúde por Bafatá" decorre duma parceria estabelecida entre a ASP e a Direcção Regional de Bafatá (Guiné-Bissau), com financiamento da Comissão Europeia, IPAD e da própria ASP.
A área de intervenção é a região guiniense de Bafatá e tem o horizonte temporal de 2008-2011.

Os objectivos da acção são:

* Realibitar Centros de Saúde, construir e equipar 6 Unidades de Saúde de Base (USB);
* Reforçar as capacidades dos técnicos de saúde da região de Bafatá;
* Apoiar a implementação e execução dos programas de saúde com maiores dificuldades;
* Reforçar o stock de medicamentos essenciais e a gestão do programa;
* Melhorar o saneamento básico através da construção da latrinas melhoradas;
* Formar matronas e agentes de saúde comunitários (ASC);
* Apoiar a formação contínuados técnicos de saúde da região.

Como grupos-alvo citam-se: mulheres em idade fértil; crianças e jovens; matronas; ASC; técnicos de saúde.

Projecto: "Mais Saúde, Melhor Saúde por Bafatá"




Entidade responsável:
Associação "Saúde em Português" - quem somos?

Fundada em 1993, Saúde em Português é uma ideia, por que ainda existem causas que valem a pena defender: a causa da vida, e a sua qualidade, mas também a dignidade.

É uma acção em defesa da saúde, combate à doença, condição de vida, que atingiu mais de 400.000 beneficiários.

É um abraço, ajuda humanitária perante o sofrimento, apelo solidário com os povos, fraternidade em lusofonia, principalmente em Portugal e na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.

Saúde me Português são médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde, que não ignoram a essência das suas profissões, os actos técnicos para que etão preparados, os destinatários que precisam do seu empenho, os laços culturais e de amizade.

São todos aqueles que vierem por bem, voluntários, a bem fazer, a agir.

Passado, presente e futuro.

Em Português. Porque em Português nos entendemos.

Em palavras e actos.

Hêrnani Caniço (Presidente da ASP)